Às companheiras do CEI,

Estamos inaugurando esse blog para facilitar a busca por textos, divulgação dos projetos e socialização das nossas experiências, especialmente para nós mesmos da equipe do CEI, como para outros interessados. Em breve adicionarei ná página mecanismos de organização dos conteúdos. Por enquanto, estou publicando os textos com "tags" (palavras-chave) do tipo PEAS 2010, Relações Étnico-Raciais, Educação Ambiental que podem ser clicadas ao final da postagem para selecionar os textos do mesmo assunto. Qualquer um do CEI que aceitar o convite para participar do blog poderá postar notícias e textos.

Abraços,

Sérgio

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O tempo na instituição da infância

do blog: Pedagogia com a infância

terça-feira, 6 de julho de 2010

Olá Pessoal!

     Hoje postarei algumas reflexões sobre a rotina na educação infantil. Para isso, me referenciarei no capítulo: “Os Usos do Tempo” do livro: Rotinas na Educação Infantil: Por Amor e Por Força de Maria Carmen Silveira Barbosa.

     A autora inicia o texto apontando que as categorias “Espaço” e “Tempo” são básicas da existência humana, mas pouco refletimos sobre elas. E nos chama para essa reflexão.

    A modernidade inventou um artefato que mudou nossa existência e a nossa relação com o tempo: o relógio. A partir dessa invenção nossa vida passou a ser controlada por ele. Nossa vida e a vida da infância, principalmente na escola!

    Além disso, vivemos em uma época de aceleração permanente do tempo. A sensação de que o tempo está “voando” é recorrente em nossa fala. Junto com ela, vem outra sensação: a da necessidade de produção. O tempo está passando rápido e precisamos produzir cada vez mais, como se quem fossemos estivesse diretamente ligado ao quanto produzimos: “somos melhores se produzimos mais”. Esse tempo da produção do capital também vem marcando nossa vida e o tempo da instituição da infância. É forte a idéia de que quanto mais registros as crianças fizeram, melhor a escola. Como se apenas através do registro fosse possível valorar o quanto a criança aprendeu.

       Nessa concepção, em que o que importa é o registro/o produto, o tempo humano é desconsiderado. O tempo interior, aquele do sonho, do desejo, da emoção, fica relegado a segundo plano. E a educação que deveria ter como finalidade a humanização dos sujeitos, passa a ser cada vez mais desumanizadora.

      Escolano, citado por Maria Carmem, aponta que a subdivisão do tempo na instituição nunca é neutra, nem uma questão meramente técnica. A organização da “linha do tempo”, por exemplo, não se trata apenas de adequação de horários de cada sala na instituição, mas é reveladora de como a instituição entende que deva ser passado o tempo das crianças ali.

      Alguns aspectos a serem atentados na organização de uma rotina são apresentados no texto. A alternância é um deles. Como temos alternado o oferecimento das propostas para as crianças? Acreditamos no “mito da falta de atenção”, que prega que os pequenos tem pouca capacidade de concentração e portanto as propostas oferecida a eles tem que ser bem curtas? Ou, ao contrário, cremos que quando as propostas tem significado para as crianças elas são capazes de ficar bastante tempo entretidas nelas?

       E o tempo de espera das crianças na instituição? Quanto esperam, quando esperam, por que esperam? Como temos refletido sobre isso?

      As transições entre as propostas é outro ponto importante a considerar. Como ocorrem? Há encadeamento das propostas ou há fragmentação entre elas? Se há fragmentação, como passamos de uma para outra? Através de gestos,símbolos e canções?

      Em relação a transição por canções, a autora nos alerta para os esteriótipos e a moralização que há por trás delas. Se queremos que as crianças construam noções temporais, marcar o tempo por essas estratégias, realmente as ajuda? Além disso, se queremos que sejam criticas e reflitam sobre o mundo, o conteúdo moralizador por trás dessas canções permite a formação desse tipo de sujeito?

     Como são formadas as salas? Por crianças na mesma faixa etária? Se for, há na rotina previsão para que crianças de idade diferentes vivenciem as mesmas experiências coletivamente, já que sabemos que isso é tão essencial na formação delas?

       Adotar um planejamento móvel e significativo para os sujeitos que vivem o tempo nas instituições, sejam eles crianças ou adultos, que permita sair da arbitrariedade, da uniformidade e da organização burocrática é a mensagem final do texto de Maria Carmen, que eu indico como leitura imprescindível!

       Abraço a todas e todos!

Pedagogia com a infância

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